quarta-feira, 10 de junho de 2009

OIT revela que cem milhões de meninas trabalham no mundo

Genebra, 10 jun (EFE).- Cem milhões de meninas trabalham atualmente no mundo, segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que advertiu que a grave crise econômica mundial pode fazer com que aumente o número de menores, especialmente do sexo feminino, obrigados a deixar as escolas e a entrar no mercado de trabalho.

A OIT lamentou hoje que, apesar de o trabalho infantil estar diminuindo, a crise pode frear estes avanços, em especial para as meninas, que são sempre mais prejudicadas que os meninos.

Por isso, a organização decidiu dedicar o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil deste ano -realizado no dia 12 de junho- às meninas, que constituem a maior parcela dos menores que se dedicam ao trabalho doméstico (em casa ou fora) e à agricultura.

"Entre os 5 e os 11 anos, há mais meninas que trabalham que meninos. As meninas trabalham em funções mais perigosas, como a prostituição, e, além disso, trabalham mais horas que os meninos", disse o chefe da pesquisa da OIT, Frank Hagemann, em entrevista coletiva, ao apresentar o relatório "Demos uma Oportunidade às Meninas".

Aproximadamente 53 milhões de meninas realizavam "trabalhos perigosos" já em 2006 -ano dos últimos dados divulgados pela OIT- e delas, 20 milhões eram menores de 12 anos.

O relatório destaca que a maioria destas meninas atua na agricultura, segundo uma enquete realizada em 16 países, que mostra que 61% das meninas economicamente ativas, de 5 a 14 anos de idade, trabalham nesse setor.

"Este é um dos três setores mais perigosos, em termos de mortes, doenças e acidentes por causa do trabalho", aponta o relatório.

Um aspecto relevante do estudo é a participação muito mais significativa das meninas, em comparação com os meninos, no trabalho doméstico não remunerado, o que faz com que elas abandonem a escola mais frequentemente.

Em termos globais, a porcentagem de meninas de 5 a 14 anos que trabalham nas tarefas domésticas não remuneradas é de 15% a mais que os meninos.

Além disso, em todos os países pesquisados, as meninas trabalham mais horas por semana que os meninos.

E entre as meninas que trabalham em tarefas domésticas, em casas de famílias diferentes das suas, "muitas têm que trabalhar longas jornadas, às vezes de até 15 horas diárias, e estar sempre disponíveis".

A OIT adverte que a atual crise econômica pode agravar a situação das meninas, pois "quando as famílias se afundam cada vez mais na pobreza e têm que escolher entre enviar seus filhos ou suas filhas à escola, são as crianças que saem perdendo. E conforme a crise se vai aprofundando, as meninas serão suas principais vítimas".

O relatório lembra que "dos 16% da população mundial que não sabe ler nem escrever, duas de cada três pessoas são mulheres".

Segundo os dados mais recentes, 75 milhões de crianças em idade escolar não são escolarizados, dos quais 55% são meninas.

As meninas também são afetadas pelo tráfico de seres humanos "um delito que reduz as vítimas a meras mercadorias que são comparadas, vendidas, transportadas e revendidas com fins de exploração do trabalho ou sexual, ou para outros fins delitivos".

Embora seja impossível conhecer a verdadeira magnitude desta prática, a OIT estima que "pelo menos 1,8 milhão de crianças são vítimas de exploração sexual comercial ou da pornografia, no mundo todo, sendo as meninas uma vasta maioria desse total".

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